Maurílio Silva afirma que costumava gastar em torno de R$ 50 por mês.
Em fevereiro, ele deve pagar R$ 883,24, de acordo com a conta
O cabeleireiro Maurílio Oliveira da Silva, de 42 anos, viu a conta de água de seu salão de beleza na Casa Verde, Zona Norte de São Paulo, sofrer o assustador aumento de 1.631% no comparativo entre janeiro e fevereiro. Ele nega que tenha aumentado o consumo e diz que, desde o início do ano, foi obrigado a readequar a rotina do salão à crise hídrica. “Como recebo uma conta de R$ 800 se não tenho água?”, questiona.
Silva ainda pretende procurar o atendimento da Sabesp na próxima semana e recorrer da multa. Procurada pelo G1, a Sabesp não respondeu até a publicação da reportagem."
O carnê de fevereiro aponta o gasto de R$ 587,42 de água e R$ 293,71 de esgoto, o que corresponde a R$ 881,13. Somadas as multas, o valor chega a R$ 883,24. Em janeiro, o valor total da conta foi, segundo ele, de R$ 51,28. “Nem em novembro e dezembro, meses de maior movimento, a gente gasta muito. O máximo que já paguei foi R$ 82,54."
Na conta, há um aviso sobre o aumento do consumo. A cobrança da sobretaxa foi autorizada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) e a multa varia entre 40% e 100% para quem consumir mais água neste ano no comparativo entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014.
A multa é de 40% para quem consumiu até 20% a mais do que a média do período anterior e de 100% para quem utilizou mais que 20%. A medida é válida somente na parte do gasto de água encanada, que representa metade do valor da conta. Os outros 50% são referentes ao serviço de coleta de esgoto.
Atendimento prejudicado
Ele relata que reduziu os dias de atendimento, e trabalha de quinta a sábado, das 9h às 19h. Deixou de agendar clientes no início da semana por conta da falta de água. “Quando começamos a ficar sem água eu resolvi trabalhar de quinta a sábado. E alguns serviços eu só conseguia fazer na parte da manhã."
Ele relata que reduziu os dias de atendimento, e trabalha de quinta a sábado, das 9h às 19h. Deixou de agendar clientes no início da semana por conta da falta de água. “Quando começamos a ficar sem água eu resolvi trabalhar de quinta a sábado. E alguns serviços eu só conseguia fazer na parte da manhã."
Silva diz enfrentar dificuldades para conciliar a agenda das clientes há dois meses. Sem o abastecimento, ele não consegue oferecer serviços de tintura e escova progressiva, por exemplo. “Eu faço alguns serviços com água de balde. Outros, peço para a cliente vir de cabelo lavado. Tintura e progressiva só pela manhã, quando tem água.”
Segundo o profissional, na véspera do carnaval, ocorreu um vazamento grande na rua onde trabalha. Ele acredita que possa ter sido prejudicado por uma falha da Sabesp. “A minha revolta é numa época de crise receber uma conta dessa. Estou tendo que pagar pelo vazamento deles na rua. Teve vazamento por dois dias na rua antes do carnaval.”
Maurílio chamou um encanador para saber se há algum vazamento no salão. Ele revela que nada foi encontrado no local. “Chamei um caça-vazamento e já garanti que não tem nenhum problema. A única diferença que ele percebeu é a pressão na torneira. Em um primeiro momento só vem pressão e vento. Depois a água chega.”