A empresa invadida por mais de 1 mil mulheres sem-terra em Itapetininga (SP), na última quinta-feira (5), teve um mutirão de pintura realizado por funcionários e familiares neste sábado (7). No local são feitas pesquisas transgênicas de eucalipto, o que, segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), teria motivado a invasão e tentativa de destruição de uma pesquisa de 14 anos.
Mais de 200 pessoas, entre funcionários e familiares, pintaram paredes pichadas pelo grupo. Na sexta-feira (6), funcionários já limparam as estufas onde ficam as mudas destruídas pelas manifestantes. A empresa volta a funcionar normalmente nesta segunda-feira (9).
Em entrevista à TV TEM na sexta em Avaré(SP) durante evento de agronegócio, o secretário estadual de Agricultura, Arnaldo Jardim, repudiou a ação cometida pelo MST, comparando a ataques terroristas. “Acho que essas pessoas devem ser comparadas àquilo que o Estado Islâmico tem feito no Oriente, quando destruíram estátuas e lembranças de 2,5 mil anos. Uns tentam sepultar a história, e outros tentam impedir o futuro. Quem destrói o passado, como o Estado Islâmico, ou quem busca comprometer o futuro, faz o mesmo trabalho. Querem simplesmente que as coisas permaneçam como estão”, critica.
O MST, em nota, justificou o ataque alegando que o plantio em escala do eucalipto transgênico pode causar sérios impactos ambientais e sociais, já que contaminaria a produção de mel brasileira, e necessitaria de mais água e agrotóxico se comparado com a espécie natural.
Segundo a empresa FuturaGene, responsável pela pesquisa em Itapetininga e subsidiária da Suzano Celulose e Papel, o estudo busca o melhoramento genético do eucalipto: a H421 teria uma rentabilidade 20% a mais que as outras. A variedade seria votada na quinta na reunião da CNTBio, em Brasília (DF). Mas a votação foi cancelada após outro grupo também ligado ao MST fazer um protesto no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A reunião foi remarcada para abril.Entenda o caso
O grupo encapuzado e armado de facões e pedaços de pau destruiu milhares de mudas de eucaliptos transgênicos criados por meio de pesquisas realizadas há 14 anos. As mulheres, de várias cidades paulistas e de Minas Gerais, segundo a reportagem da TV TEM, chegaram à multinacional divididas em 15 ônibus. A ação, de acordo com o movimento, faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres no Campo. O movimento registrou um vídeo da invasão.Nenhum manifestante foi detido e nenhum funcionário ficou ferido.
O vice-diretor da empresa invadida, Eduardo José de Mello, também criticou o ato. Ele afirma que mesmo com a destruição das mudas e da perda de alguns anos de estudo, a pesquisa será concluída. “Somos cerca de 70 pesquisadores neste projeto, então, o clima depois do ataque foi de velório. Mas a pesquisa não está perdida, na próxima reunião com a CNTBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] estaremos apresentando o estudo para aprovação”, diz.
Para Mello, a alegação do MST é uma inverdade. “Estou na pesquisa desde o começo, então, afirmo com segurança que o eucalipto transgênico não traz riscos ao meio ambiente ou à sociedade. Todas as etapas do estudo são acompanhadas pela CNTBio, que atesta a segurança do produto”, afirma.